A esfinge de Édipo

 A esfinge de Édipo


 
 Todos nós sabemos, e os que não sabem ficam a saber, que a famosa esfinge colocou a Édipo uma pergunta à qual ele respondeu lesto e presto. Mas, também podem saber mais alguma coisa sobre este interessante monstro.
 
 Reza a história (das esfinges) que ela é fruto dos amores incestuosos da temível Equina e de seu filho Ortros, o cão de Gérion. Contudo, e vá-se lá entender estas coisas, reza também a lenda que Hera (mulher de Zeus) a colocou às portas de Tebas a fim de punir esta cidade e o seu rei, Laios - pai de Édipo - culpado de amores contra a natureza com o efebo Críssipos. Ou seja, nascida do pecado é colocada, a esfinge, à entrada de uma cidade para punir um outro pecado, que, por acaso se passa com o pai de Édipo (este último pecado que será a famosa homossexualidade).
 
 Como se fosse por acaso, e não se vá criticar de falta de imaginação os lendadores, a colocação da esfinge é feita no lado ocidental (não no lado oriental, não no lado norte, não no lado sul) e apresenta um enigma a cada viajante que se não lembre de entrar pelos restantes três lados da cidade, ou que se não lembre simplesmente de entrar pelo lado Ocidental mais ao lado Norte ou ao lado Sul do que o local onde está colocada a Esfinge. Aqueles que se não mostram capazes de resolver o enigma apresentado pela esfinge são devorados pelo monstro sanguinário.
 
 Mas, apresentemos o monstro himself: A esfinge parece usar uma estranha máscara, de tal modo a sua face é impassível e já enigmática. Os seus olhos, imutavelmente vazios, parecem esconder alguma coisa de feroz e implacável, isto no seu desenho inicial, segundo se diz. Aquela esfinge do Édipo, recriada pelos gregos, é, no entanto, feminina, sem dúvida, uma vez que a dúvida ficava em aberto na anterior descrição, não havendo definição de parecenças de sexo.
 
 O seu corpo adelgaça-se (típico da definição feminina) ao ponto de se tornar o de uma leoa (também tipicamente feminina a descrição embora no plano temperamental) e o peito aparece, tal como a face, totalmente feminino (também uma coisa sem outra não dava).Um pormenor andrógino, para aligeirar, e talvez como concessão envergonhada à anterior imagem, a original não grega, é o nascimento de asas no dorso, verdadeira antecipação da conhecida figura do anjo que conhecemos hoje e sabemos que não tem sexo (nem masculino nem feminino) mas que aparenta ter sexo masculino.
 
 Posto isto, quem é que apareceria um belo dia em frente à esfíngica esfinge?! Nada menos nada mais que o já referido Édipo, filho do Rei que a esfinge por disposição de Hera pretendia castigar dados os seus amores contra-natura. O volume de personagens nestas lendas, embora enverede um pouco pela dispersão nalguns casos, acaba por se restringir quando se trata de descrever factos, sobretudo quando estes factos tendem para a finalização enquanto tal, ou seja, para o seu acabamento, definhamento, fenecimento.
 
 Das perguntas colocadas pela esfinge a Édipo todos nós conhecemos largamente uma, mas não conhecemos tão largamente a segunda. A primeira é a tradicional treta do animal que tem quatro pés de manhã, dois ao meio-dia e três à noite. Esta também eu sabia e o Édipo respondeu como eu teria respondido: "É o homem, que na sua infância caminha sobre pés e mãos, que na idade adulta (meio-dia) se ergue sobre os dois pés e na velhice (noite) se apoia no cajado para caminhar."
 
 Certo!!! Respondeu a esfinge. Mas...e agora vamos à outra, que esta é que é verdadeiramente difícil: "Quais são as duas irmãs uma das quais dá nascimento à outra que por sua vez faz nascer a primeira?!"
 
 Esta circular pergunta, como podem verificar, é...circular. A outra tinha princípio, meio e fim, mas esta não. E não pensou também muito o esperto Édipo: "Trata-se do Dia e da Noite!" (Aqui interessa dizer que Dia é feminino em grego o que nos faria esbarrar a nós que utilizamos o masculino para definir Dia).
 
 Tendo assim acertado Édipo, a esfinge já não respondeu como na anterior:"Certo!!", e em vez disso optou por soltar um rugido terrível, por se precipitar do alto da penedia e por se matar, como consequência lógica da queda. Causa da morte, fracturas múltiplas por todo o corpo e lesões internas graves.
 
 Por isso, e como conclusão, não nos esqueçamos nunca que a Édipo foram colocadas duas questões (eu já me tinha esquecido), uma com princípio, meio e fim e outra circular, ou seja, sem princípio, nem meio, nem fim.

 



22/11/2007
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